A palavra alemã, Gestalt, “sem
tradução exata em português, refere-se a um processo de dar forma, de
configurar o que é colocado diante dos olhos, exposto ao olhar; tem o
significado de uma entidade concreta, individual e característica, que existe
como algo destacado e que tem uma forma ou configuração como um de seus
atributos. Objetos isolados, sem sentido entre si, se relacionados, formam um
significado”.
A Gestalt segue “leis e avaliações
que são compostas de unidades, permitindo considerar e analisar elementos que
são configurativos da forma, que visualmente coesa, possibilita configurar o
objeto de uma maneira equilibrada e harmônica. A consideração das características
espaciais permite a sensação de fechamento visual dos elementos que constituem
a aparência do modelo; padrão visual de boa continuidade é garantido pelas
configurações que têm sequências ou fluidez de formas. Para o conceito de
unificação formal é importante a semelhança e/ou a proximidade que se
constituem em padrões de unidade pela sua organização”.
Para uma “avaliação final,
considerando as leis da Gestalt, segue-se uma interpretação conclusiva da forma,
onde se considera a imagem do objeto refletindo padrões de harmonia e
equilíbrio no seu todo, nas partes constitutivas, ou seja, a existência da
coerência, clareza e a regularidade; por outro lado, se existe desorganização
visual em função destes fatores, ou ainda se o objeto tem uma mistura de coisas
bem ou mal resolvidas”.
Na análise da imagem proposta, a
observação visual mostra que o ser humano tem a possibilidade de subir os
degraus à sua frente, obtendo uma visão mais alta da horizontalidade em que
convive. Porém não há proteções laterais na subida que lhe possibilitem apoio
na ascensão. Todavia somente no seu final lhe será permitido um olhar universal
e avaliação mais ampla do meio em que se encontrava.
Em um sentido figurado, a escada é
representativa da vida; sua subida pode ser estimulada pela curiosidade,
sabedoria, conhecimento, bom senso, religiosidade, etc. Sozinho, não é fácil
que alcance seu objetivo; precisa com certeza de apoio, evitando quedas para
que atinja sua meta. A busca final é também uma incógnita; a visão superior é
mais ampla, porém figurativamente tem suas limitações e mostra as fronteiras
impostas à materialidade do indivíduo.
Do ponto de vista da Gestalt, os
elementos parciais na figura apresentada somente são assimilados se reunidos em
conceitos mais amplos, com caráter associativo e interpretativo. Isolados, não
dão nenhuma ideia de coesão, significado, harmonia, clareza ou regularidade.
Necessita uma concepção de união de entendimentos filosóficos subjetivos à cada
intérprete.
Nesta representação, destacando a
mão numa fotografia Kirlian da aura humana, mostrando as potencialidades que se
sobrepõem à matéria; significativas da energia projetada constantemente ao
nosso exterior, captadas por fotos ou descritas por pessoas que têm a
sensibilidade de detectar sua presença. A cor e capacidade de expansão mostram
as condições de saúde física, emocional e espiritual.
Do
ponto de vista gestáltico é uma imagem mais precisa, de mais fácil compreensão
pelo nível de composição. Há um padrão visual com sequencias de formas que se
completam, desde que associado à bagagem cultural de cada um na sua
interpretação.
Este quadro mostra duas mulheres, uma vestindo
burca; própria da sociedade muçulmana, símbolo da opressão feminina, que apenas
permite a visão, inibindo qualquer participação social; ocultando quase que
completamente seu corpo, possibilitando apenas enxergar o que acontece na sua
presença. Ao lado, a outra completamente despida, tem apenas os olhos vendados.
Nada vê, porém pode falar o que bem entender.
Outro significado poderia ser de que
a pessoa que observa o que ocorre ao seu redor, é a que fala menos e melhor pondera
conclusões. Ao contrário, quem pouco enxerga os fatos, tem uma visão mais
fragmentada, e maior facilidade de emitir opiniões distorcidas. A limitação de
uma é verbal, a da outra é visual. Apesar de usar imagens opostas, as
comparações figurativas têm um só significado, mas com uma adequada análise
cultural poderiam nos trazer um entendimento mais elucidativo.
Na interpretação gestáltica, se
concebe na realidade uma imagem só, pois elas se complementam para um juízo
mais complexo. A organização visual das formas não é de fácil assimilação,
necessita um maior conteúdo cultural, livre de preconceitos e disposto à reorganização
da mensagem.
Esta proposição transmite a impressão
de uma mão segurando uma lâmpada. Poderia se referir a uma substituição
necessária, por uma de igual ou maior capacidade, melhor qualidade, utilidade
ou estética mais adequada. Seria interpretada também por uma mudança de
diretriz na vida, substituição de valores e companhias, resultado de uma avaliação
de maior maturidade; alteração subjetiva de conteúdos, ponderação de outros
princípios, possibilidade de retorno a conceitos apagados pela opressão da
sociedade e do tempo; substituição da aparência pela realidade, do ter pelo
ser, do apego pela simplicidade, da ilusão pelo real...
A pregnância da forma gestáltica na
última figura, é alta em equilíbrio, harmonia, coerência; permite uma
compreensão imediata, de fácil interpretação e entendimento, porém é dependente
da bagagem cultural do intérprete. Completa uma sequência de quadros propostos
de conceitos, unificados em seus conteúdos isolados; estimula uma ordenação de
valores, abre novos espaços para a reunião de conceitos fragmentados em uma
realidade mais universal, coerente e consistente.
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