Os
dois assuntos são bem distantes, mas mexeram muito com a nossa cabeça nas
últimas semanas.
Nas
aulas de Jornalismo onde os professores têm uma posição política bem definida Cuba
foi apresentada como “o socialismo que deu certo no mundo, com os melhores índices de saúde pública, educação, esportes, boa alimentação”, etc.
Claro
que logo nos posicionamos contrários à esta visão, pois a ilha que hoje se
mostra como exemplo de uma utopia
subsidiada pela antiga URSS, Venezuela e países afins que, com a perda de seus patrocínios, compõe uma sociedade falida onde se disputa a
aquisição de alimentos e até bicicleta é um luxo. Carro novo nem pensar, só
para os membros do partidão.
Arriscamos
a perguntar como se comportavam os
jornalistas naquele paraíso cubano. A resposta foi evasiva: “lá as
conquistas sociais já eram satisfatórias, sem conflitos”; mas todos sabem que
naquelas paragens quem se arrisca a fazer oposição tem seu destino definido...
Entretanto,
hoje em São Paulo, no Aeroporto de Congonhas, enquanto aguardávamos uma conexão
aérea, fomos atraídos pelos conteúdos de uma livraria interna. A decisão tinha
que ser rápida porque o tempo lá dentro parece que passa mais ligeiro, os
portões de embarque dos passageiros trocam constantemente. Você tem ficar com um
olho no boi e outro na taipa...
No
caixa, quando pagávamos a jovem entusiasmada nos perguntou: “moço, não quer
levar também um chocolate suíço, são só dez reais?”. No primeiro momento ficamos
contente com o tratamento, mas
depois aquela oferta de chocolate nos
chocou.
Questionávamos
o porque do suíço, se os nossos têm teor de 85% de cacau e são muito mais
baratos; importado, oferecido com insistência, logo de um paraíso fiscal, que
tanto tempo manteve em segredo os depósitos corruptos do terceiro mundo e que hoje estão abraçados com as elites de esquerda
para dominar até a prefeitura de São Paulo?
Porque
não priorizar nossa indústria de chocolates e os nossos empregos, se tudo,
até bíblias precisam ser importadas?
Longe de pensar do modo absurdo do
controle das barreiras alfandegárias argentinas, mas porque não prestigiar e
valorizar o que é nosso?
Saímos
dali questionando em que mundo nós vivemos, com utopias inverdades, máscaras,
maquiagens...
Cidadania,
política e educação andam juntas, interligadas, moldadas na compreensão de uma
sociedade mais justa e participativa, mas a nossa visão de formigas alienadas
tem que ser revista e questionada, bem distante da aceitação absurda do “ideal
cubano” e do massacre da nossa sociedade interna produtiva.